Lendo a coluna " A cama na Varanda" da Psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, na edição do jornal O DIA do último Domingo 20/02/11, encontrei este artigo que que me pareceu interessante e publico aqui para uma reflexão dos leitores.
O titulo é:
AS COLEGAS DE BRUNA SURFISTINHA
Quando eu estava escrevendo o capítulo 'Prostituição', do meu primeiro livro, 'A Cama na Varanda', deparei-me com algumas questões. Quem são as garotas de programa? O que sentem e como vêem a atividade que exercem?
Para responder a isso, entrevistei algumas, com idade entre 20 e 27 anos. A seguir transcrevo o relato de uma delas.
"Perdi a virgindade com 22 anos. Sempre tive vários namorados ao mesmo tempo, mas minha mãe controlava minha virgindade. Ela me ameaçava, dizia que ia descobrir pelo meu corpo, pelo meu jeito de andar. Mas recebi um convite para vender minha virgindade por mil dólares. Pela propaganda, várias cafetinas me procuraram. No início sentia repulsa, depois passou a ser um trabalho. Depois que vendi minha virgindade, descobri que tinha o hímen complacente. Aí, a cafetina me arranjou um árabe e vendi novamente por dez mil dólares. Ela ficou com metade. Meus planos pro futuro são: gastar muito dinheiro com roupa, amigos e farras. Estou querendo parar, mas não dá pra ser de repente. Tenho que comprar pelo menos um carro. Se trabalha muito dá pra ganhar mais. Já tive noite de sair com três ou quatro clientes. A maioria dos homens que nos procuram são casados. Quando o homem é nojento, vou embora. Sendo as prostitutas as guardiãs da moral sexual da sociedade, o seu verdadeiro crime é revelar a hipocrisia dessa dupla moral. No dicionário encontramos a seguinte definição:' mulher que pratica o ato sexual por dinheiro'. Então, quantas mulheres casadas, respeitadas e valorizadas socialmente se prostituem com seus próprios maridos? Quantas moças são educadas para só se casar com homens que lhes possam dar conforto e dinheiro? Quantas mulheres solteiras só aceitam ir para um motel com um homem se antes ele pagar o jantar num restaurante caro? É impossível calcular, mas nada disso é falado. Tudo se passa por baixo do pano para que a respeitabilidade dessas pessoas seja preservada.
A prostituta é desprezada, mas a única diferença é que seu jogo é claro. Ela não se preocupa em fingir. "Entre as que se vendem pela prostituição e as que se vendem pelo casamento confortável, a única diferença consiste no preço e na duração do contrato", diz Simone de Beauvoir em seu livro'O Segundo Sexo'.
Regina Navarro Lins - Psicanalista e escritora
N.E. A reprodução deste texto da mesma forma em que foi publicado, sem nehuma alteração, não reflete necessariamente a opinião deste blog, apenas serve como reflexão e uma troca de impressões, entre o blog e os leitores visitantes.
Se voce concorda ou não com a opinião da escritora, cada um tem a sua opinião, entretanto convoco a todos para comentarem e expressar seu pensamento a respeito do assunto em questão.
Um Abraço
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Há 7 meses
